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Quarta-feira, 18 de Setembro de 2024, 15h:33 - A | A

Saiba quando é possível que as dívidas da sua empresa atinjam a Pessoa

Saiba quando é possível que as dívidas da sua empresa atinjam a Pessoa Física

A desconsideração da personalidade jurídica é um importante instituto do Direito Civil e Processual Civil brasileiro, que permite a responsabilização direta dos sócios de uma pessoa jurídica em situações específicas. Essa medida excepciona o princípio da autonomia patrimonial, visando equilibrar a proteção dos sócios e os direitos de terceiros lesados.

 

O Código Civil brasileiro, em seu artigo 50, estabelece que a desconsideração da personalidade jurídica é admissível em casos de abuso, como desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Assim, a responsabilidade patrimonial pode ser estendida aos bens pessoais dos sócios ou administradores quando houver indícios claros de uso indevido da empresa.

 

Nos últimos anos, tem-se observado uma banalização da desconsideração da personalidade jurídica, com decisões judiciais frequentemente adotando essa medida de forma quase automática. Essa prática levanta preocupações sobre a segurança jurídica e a previsibilidade para as empresas, que passam a operar sob a ameaça constante de responsabilização pessoal dos sócios sem uma justificativa adequada.

 

Particularmente, em contextos de dívidas trabalhistas e consumeristas, a desconsideração tem sido concedida sem a devida análise dos requisitos legais. Essa abordagem pode criar um ambiente desfavorável ao empreendedorismo, onde a previsibilidade da autonomia patrimonial é fundamental para a saúde das atividades econômicas.

 

A desconsideração da personalidade jurídica deve ocorrer apenas em situações que apresentem fatos inequívocos de abuso, como má-fé ou fraude aos credores. A exigência de provas claras é essencial para evitar o uso indiscriminado do instituto, que pode se transformar em uma ferramenta de pressão sobre os sócios, prejudicando a autonomia da pessoa jurídica.

 

A desconsideração da personalidade jurídica deve ser aplicada com rigor e cautela, respeitando os requisitos legais estabelecidos no Código Civil. Sua banalização compromete a segurança jurídica e gera incertezas no meio empresarial. Assim, é fundamental que o Judiciário mantenha uma postura rigorosa na análise dos fatos, garantindo a proteção da autonomia patrimonial enquanto resguarda os direitos dos credores. Essa abordagem equilibrada é essencial para a manutenção de um ambiente de negócios saudável e previsível no Brasil.

 

*Andreia Barros Müller Coutinho, advogada inscrita na OAB/MT 15.372, sócia-fundadora do escritório MÜLLER COUTINHO ADVOCACIA.

 

** Artigo publicado no Jornal Folha do Estado **

https://www.folhadoestado.com.br/colunistas/andreia-muller-coutinho/saiba-quando-e-possivel-que-as-dividas-da-sua-empresa-atinjam-a-pessoa-fisica/609360

 

 

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